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Jayme Barcellos Xavier– Esse era grande!

Atualizado: 25 de ago. de 2020

Mauro Cheuiche – Ag. Pelotas/RS.

 

Jaime Barcellos Xavier era Gerente da Ag. Pelotas lá pelos idos de 1950.Naquela época, quando nem se vislubrava o que viria a ser um computador, a função de Caixa era de risco mesmo. Volta e meia um colega cometia uma diferença e tinha de depositá-la, pois era preciso “honrar” o débito contraído. Embora vivendo com grande aperto financeiro, o depósito tinha de ser feito, pois as regras eram severíssimas . Os demais companheiros de luta solidarizavam-se, faziam-se rifas e, muito seguidamente, um empréstimo tinha de ser tomado. Era essa a grande preocupação dos economiários de então, que viam uma despesa inesperada mandar para os ares o orçamento de um caixa e de sua família, situação que hoje, praticamente, não mudou nada.

Juvenal Paz da Silva teve a iniciativa de fundar a “caixinha” - um movimento dos economiários da Agência Pelotas que visava estocar recursos financeiros para suprir em todo ou em parte essas diferenças de caixa que infernizavam a vida do mais valente. É claro que não bastavam as contribuições do pessoal da Agência. As formas mais criativas foram utilizadas para arrecadar fundos.


O “seu” Jayme, sempre que recebia um inspetor ou outro figurão da Caixa, ao encerrar o expediente puxava da gaveta um whisky importado e oferecia ao visitante. Antes dele retirar-se o “seu” Jayme cobrava as doses consumidas e esclarecia: esse dinheiro irá para a “caixinha”. Quando um cliente agradecido ou alguém de recursos oferecia seus préstimos, “seu” Jayme logo apresentava o livro ouro onde eram assinaladas as doações para a conta socorrista. Quando o “seu” Jayme se aposentou foi grande a comoção de todos. O Darcy Barcelos, também funcionário da Agência Pelotas, resolveu aposentar-se também : “não irei trabalhar sob as ordens de outro gerente; igual ao “seu” Jayme não tem nenhum” e, embora com prejuízo, pendurou as chuteiras. Mais tarde Darcy participou de outra fonte de rendas da ABEFAP – venda de bilhetes de loteria.


Uma vez aposentado, “seu” Jayme dedicou-se à pecuária, mas nunca perdeu de vista a Associação. Quando havia dinheiro para aplicar, o tesoureiro avisava-o e “seu” Jayme vinha correndo. “ Quem é que não quer dinheiro bom a juros módicos ? – dizia. Com muita alegria viu a Associação desenvolver-se e nunca deixou de parabenizar e estimular seus presidentes, tendo sido também um deles.


Quando ele estava no fim da vida, eu era o responsável pelo jornal da Associação, o ABEFAP/HOJE. Pedi-lhe para encarregar-se do editorial do número seguinte. Ditou-me, então, vários aspectos da fundação da “caixinha” e encerrou com um pedido aos dirigentes, aos abnegados que muitas vezes desacorçoam com a indiferença dos demais, com as cobranças demasiadas ou nenhum respeito ou valorização aos feitos e esforços dos que aceitaram a missão de manter e expandir a ABEFAP – “Sigam em frente, não esmoreçam!” E assim tem sido.

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