por Luiz Antonio Reck de Araujo.
O ano de 2009 foi escolhido pela União Astronômica Internacional como o ano internacional da astronomia, em comemoração aos 400 anos da realização da primeira observação astronômica feita através de um telescópio, pelo astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642).
O objetivo é que essa seja uma comemoração global, incluindo inúmeros países e organizações astronômicas profissionais e amadoras. No Brasil, a organização geral está a cargo da Universidade de São Paulo (USP) através do Instituto Astronômico e Geofísico (IAG). Estão programadas inúmeras atividades locais a serem feitas pelos representantes locais do AIA, que realizam palestras, cursos, observações abertas ao público, etc. Em Pelotas, a organização está a cargo da UFPEL que já realizou uma palestra de abertura do AIA, observação aberta ao público no largo do mercado público e exposição de fotos, em Pelotas e São Lourenço, dos objetos observados por Galileu. Muitas outras atividades devem ser feitas durante o ano, basta ficar atentos, pois serão divulgadas nos meios de comunicação e na página eletrônica feita especialmente para o evento, no endereço: www.astronomia2009.org.br.
O astrônomo italiano Galileu Galilei foi um dos maiores cientistas que o mundo conheceu, e certamente o maior cientista da sua época, foi o fundador do método experimental para a física, estudou mecânica e cinemática, o movimento do pêndulo, foi um defensor do heliocentrismo copernicano, o que o colocou em rota de colisão com a igreja católica, numa história bem conhecida de todos. Na verdade, Galileu não inventou o telescópio, e sim foi o primeiro a usá-lo com objetivo astronômico. Tendo sabido que na Holanda foi inventado um instrumento que permitia “ver longe”, imediatamente começou a fazer estudos para construir seu próprio instrumento. Os holandeses viram o telescópio como de utilidade militar apenas, Galileu, que era um visionário, aproveitou para usar seu telescópio em observações do céu. Com isso pôde observar os quatro grandes satélites de Júpiter, as fases de Vênus e Mercúrio, descobriu que a mancha leitosa no céu denominada Via-Láctea, que podemos ver quando estamos afastados das grandes cidades, era resolvida em miríades de estrelas, observou o planeta Saturno e estranhou que parecia ter orelhas, na verdade tinha anéis que não conseguiu distinguir devido ao fraco poder de resolução do seu telescópio. Também observou manchas solares e crateras e montanhas na Lua.
Mas qual a utilidade de um ano da astronomia se hoje em dia as pessoas não observam mais o céu? Na verdade, existe um grande interesse pela observação do céu entre o público em geral, quando são realizadas observações abertas ao público ou quando aparece na imprensa que ocorrerá um eclipse ou tem um novo cometa no céu, um grande contingente de pessoas se mobiliza para tentar observar. Uma questão mais profunda, é a conscientização que precisamos ter de nosso lugar no cosmos, muitas vezes temos a impressão que o homem está fora da natureza e do universo, que é um espectador privilegiado do que acontece, não fazendo parte daquilo que o cerca, quando é justamente o contrário, existe uma simbiose homem-natureza, o que acontece com um, afeta o outro, se as ações humanas alteram o clima no planeta, isso nos afeta diretamente, e saber um pouco de astronomia permite-nos ter uma idéia melhor do quão frágil é nosso pequeno planeta, um ponto azul na imensidão do espaço sideral.
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