Alvaro Barcellos - Poeta e letrista, lotado na ag. Três Vendas.
Náufrago eu fui por muito tempo
e nunca fui por opção:
sofri naufrágios mais diversos
por onde andou meu coração.
Onde navegam minhas veias
eu nunca pude ancorar
pois um veneno junto ao sal
fez de meu sangue um triste mar.
Perdi contato com as sereias
e com seu canto de ilusão.
E nunca mais vi os faróis
(alentos desta embarcação).
Perdi o rumo das estrelas
e assim errei por essas águas.
Se densas névoas se formaram,
levaram todas minhas mágoas.
E era mais forte do que eu
pudesse então imaginar:
o meu naufrágio era um martírio
(delírio interestelar).
Tentei em vão loas de amor
cantei cantigas medievais
sem suspeitar que meu naufrágio
estava escrito em cada cais.
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